O Patim: Coronel Fabriciano
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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Ferrovias: o entusiasmo que sobra em Minas está faltando no Espírito Santo

18.10.21
Ferrovias: o entusiasmo que sobra em Minas está faltando no Espírito Santo

 

Um dia li que a especiaria preferida dos capixabas, o caranguejo, serve também de ilustração para o comportamento típico de quem tem algum poder de mando no Espírito Santo: é como balaio de caranguejo, não precisa nem fechar; é só o primeiro colocar a puã na beirada que os outros puxam para baixo. E, do presidente da Academia Espirito-Santense de Letras, li: o Espírito Santo é uma mãe estranha, que mata suas melhores crias.

A semana começou animada no Vale do Aço. Os mineiros, a quem o folclore atribui um apreço todo especial por trem, estão entusiasmados com os dois projetos de ferrovia apresentados pelo grupo Petrocity ao Ministério da Infraestrutura – a Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo (EFMES), inicialmente de Ipatinga a São Mateus, e a Ferrovia Juscelino Kubitscheck, que interligará a EFMES com a Ferrovia Norte-Sul, em Unaí (GO), passando por Teófilo Otoni e Norte de Minas, garantindo um corredor de exportação de grãos do cerrado.

A animação é tanta que a primeira ferrovia poderá sofrer um acréscimo de aproximadamente 7 km para permitir a instalação de uma Unidade de Transbordo e Armazenagem de Cargas (UTAC) em Coronel Fabriciano, cidade “colada” a Ipatinga, formando as duas uma população maior do que a de Vitória (somente a capital).

Tanto a EFMES quanto a FJK estão projetadas e foram apresentadas ao Governo Federal, com pedidos de autorização, dentro do marco legal estabelecido pela Medida Provisória 1065/2021, que, além de permitir um despertar do setor, também levou o Senado a aprovar o PLS 261/2018, parado há três anos na casa, e agora enviado à Câmara para votação. Enquanto a MP é provisória e visa acelerar o processo, é a lei das Casas legislativas que vai consolidar o novo Marco Legal do Transporte Ferroviário no Brasil.

O ministro Tarcisio Gomes de Freitas publicou no final de semana em seu twitter que infraestrutura é projeto de Estado, uma declaração muito feliz, que coloca as coisas dentro de seus devidos lugares. Todos os governos devem estar comprometidos com isso.

Agora, curioso é que o Espírito Santo, o maior beneficiário do maior complexo logístico projetado para o Brasil, integrando modais rodoviário, ferroviário e marítimo, permanece em incômodo silêncio diante de tudo isso.

No mês de março deste ano, um movimento liderado pelo prefeito de Barra de São Francisco lançou o Rota 381, que levou às autoridades estaduais e federais um documento assinado por lideranças municipais dos dois Estados, pedindo apoio e mobilização não apenas para a ferrovia (não havia ainda a ideia da JK), mas também para o Centro Portuário de São Mateus e para duplicação da BR 381, entre São Mateus e Governador Valadares, último trecho que está faltando.

“Barra de São Francisco será o maior hub logístico do Brasil”, costuma dizer o presidente da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva, sobre o encontro das duas ferrovias na cidade, que também é cortada pela BR 381 e terá um porto seco alfandegado.

Agora, uma perspectiva curiosa: com o projeto da FJK, tanto o Vale do Aço mineiro quanto o Norte-Nordeste capixaba estarão conectados com a espinha dorsal do transporte ferroviário nacional (Ferrovia Norte-Sul), portanto, ligados tanto a Santos(SP) quanto a Itaqui (MA). O advento do porto em São Mateus vai fazer essa completa integração, redefinindo a logística brasileira, com margem de ir ainda além.

A seguir, fotos dos eventos promovidos pelos mineiros nesta segunda-feira no Vale do Aço, envolvendo prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais, líderes empresariais da indústria e do comércio, além de representantes de organizações sindicais e da Federação das Indústrias de Minas Gerais. 

Flaviano Mirco Gaggiato, presidente da FIEMG Vale do Aço, promoveu um almoço seguido de reunião com expressiva representatividade, com a participação de representantes da Cenibra, Usiminas e Aperam, grandes indústrias da região; o prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes (PSL), foi tomar café da manhã com o dirigente da Petrocity no hotel, onde ele recebeu também uma moção honrosa da Câmara Municipal; o prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinicios da Silva Bizarro (PSDB), mobilizou lideranças para brigar pela UTAC em seu município;  os deputados Ercílio Coelho (federal), Rosângela Reis e Celinho do Sintrocel (estaduais), também marcaram presença, e Tito Torres mandou seu assessor Clésio Gonçalves; e a imprensa se mobilizou...

Um entusiasmo contagiante. 

Acorda, Espírito Santo. Onde estão nossos deputados federais? Nossos senadores? Nossos deputados estaduais?... PEGUEM A VISÃO.

 José Caldas da Costa, jornalista e geógrafo














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